Novo e o antigo: a riqueza da diversidade para as organizações.
Primeiramente, organizações, sociedades e culturas têm sido remodeladas com o avanço sistemático da tecnologia que traz um toque de modernidade a cada momento.
Por isso há de se supor que as antigas ideias não traduzem mais a realidade atual. Para muitos, elas são obsoletas e impopulares. Afinal, temos atração imediata e obsessão pelo novo. Logo, privilegiamos a novidade em detrimento de algo que achamos antigo. Dessa forma, o novo significa algo automaticamente superior e melhor.
Mas não é bem assim.
De fato, a inovação é necessária, é preciso atualizar ideias e conceitos, deixar o passado para que o futuro se materialize.
Mas nessa concepção literal de modernidade, o antigo é desvalorizado. Isso é compreensível quando falamos de máquinas, equipamentos e tecnologia, mas é inaceitável quando falamos de pessoas.
E o que fazer com as pessoas que consciente ou inconscientemente julgamos velhas e ultrapassadas? Nós as descartamos?
É claro que o vigor da juventude é maravilhoso, mas o amadurecimento não é necessariamente uma descida fúnebre para a velhice e a enfermidade.
A idade avançada é sobretudo, a consagração de um propósito de vida e os mais maduros podem ser a presença positiva que pessoas e empresas aspiram.
Da mesma forma, o novo nem sempre é garantia de mudanças e melhorias. Principalmente quando ele se prende à sua zona de conforto.
Assim, a diversidade é fundamental para bons resultados.
Diversidade: Criando Conexões e Parcerias
Precisamos de conexões com o clássico, não com o negativo e arcaico, mas como o tradicional, com as nossas raízes.
Nas organizações, valorizar a sabedoria acumulada ao longo da vida é fundamental para o avanço dos negócios e a visão de futuro.
Nesse sentido, profissionais mais maduros podem e devem trabalhar em conjunto com os mais jovens e menos experientes. Principalmente porque a troca de experiência entre eles é um dos maiores ganhos que uma empresa pode ter. Independente se um deles estiver ocupando um cargo mais alto. Nesse sentido, a diversidade de idade, culturas, ideias é fundamental.
Em empresas onde existe a polarização entre uns e outros (jovens x pessoas maduras) ou entre as gerações, impera a improdutividade e a animosidade.
Os mais velhos consideram os mais novos imaturos e sem conhecimento enquanto esses últimos acreditam que sabem tudo e os outros estão ultrapassados.
É o caso de uma sucessão empresarial onde o filho quer fazer mudanças profundas pois considera o pai obsoleto e o progenitor acredita que ele (filho) não tem competências para fazer alguma mudança.
No final, as coisas não saem do lugar, nem o pai passa o bastão, nem o filho assume uma nova posição. Por isso é importante compreender e aceitar olhares diferentes dos nossos. Acolher e tirar proveito do que os outros têm diferente de nós.
Mais Alianças
Particularmente, sou contra as rupturas e favorável às parcerias. Principalmente, as alianças estratégicas.
Ao longo da vida aprendi que não devemos simplesmente ignorar ou desconstruir o que existe e funcionou de alguma forma.
As mudanças necessárias precisam ser realizadas com muito cuidado.
Aqueles que chegam precisam respeitar os que lá estão antes deles.
É muito comum vermos pessoas nas organizações e na política fazerem exatamente o oposto: desconstruírem tudo, como se o que lá estivesse fosse errado e/ou ruim.
É preciso respeitar memórias, sentimentos e pessoas que fizeram as coisas acontecer. Essas rupturas criam as distorções da realidade em que o antigo é ruim e por isso deve ser eliminado.
A Riqueza da Diversidade
As organizações inteligentes respeitam a tradição, valorizam a sabedoria e fazem uma conexão entre o novo e o antigo.
Elas consideram o tradicional e criam a partir dele. São suficientemente inteligentes para reconhecer os pontos fracos de um e compensar essas vulnerabilidades com os pontos fortes do outro.
Há algum tempo atuando no business mentoring e tendo meus mentorandos na minha própria empresa, percebo que quando existe uma sinergia entre as pessoas mais tradicionais, com know-how e as mais novas, há um ganho imensurável de criatividade, inovação e produtividade. Além disso, o trabalho se torna muito prazeroso.
Elas trabalham juntas de forma com que todo o conhecimento adquirido durante os anos seja aproveitado e acrescido de novas ideias e tecnologias.
A sabedoria das pessoas maduras serve de inspiração para os mais novos, existindo um respeito mútuo. É uma relação benéfica de mão dupla.
É óbvio que não devemos respeitar as pessoas simplesmente porque têm mais idade que nós, mas porque elas conhecem e sabem mais que nós e por isso merecem nossa admiração.
As diferentes perspectivas entre o novo e o velho é que traz riqueza e diversidade às novas ideias. Apesar de possuírem características diferentes, as pessoas da velha guarda e os mais jovens devem e precisam conviver juntos. Assim haverá desenvolvimento conjunto.
E sim, podemos descartar coisas velhas, mas não as pessoas.